Éramos duas. Ela chegou quieta e mansa. E eu relutante e
distante. Ela me escolheu, e eu não tive escolha. Viramos duas. Multiplicamos,
subtraímos e dividimos. Eu e ela éramos a mais perfeita soma. Com todos os
sentimentos que uma relação permite ter: alegrias, risadas, raiva, ciúmes,
incômodo, decepção, saudade, carinho, ansiedade, e acima de tudo,
companheirismo. Como era bom deitar na minha cama e ver que ela estava ali
dormindo gostoso e se espreguiçando no mais poético gesto de doçura. Sabia
conquistar. Soube me conquistar. Companheira de filmes, de sonecas, de
brincadeiras, de estudos. Mas justo em cima do meu livro? E eu fazia um
lugarzinho na bagunça para ela. Apertadinho, mas acolhedor. Bastava estar do
lado. Só faltava querer entrar no box e tomar banho comigo, ficava no
tapetinho. E gostava de beber água da minha caneca, não podia ser outra. Em
cada cantinho e de todos os jeitinhos ela sabia amar.
Enchia meu cabelo de nó quando vinha na meiguice de fazer
fofinho. Se emaranhava em mim, misturávamos em quase uma. Éramos duas. Não
cabia ninguém. Te levo comigo, Marie. Agora, somos uma.
Escrito em fevereiro de 2011
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